Quando pensamos em gente do desporto com uma Força Mental acima da média provavelmente vêm-nos à cabeça nomes como o de Michael Jordan, Bruce Lee ou Muhammad Ali. Se pensarmos em portugueses talvez nos ocorram os nomes de Cristiano Ronaldo, Nélson Évora ou Telma Monteiro. Mas dificilmente será o nome dum árbitro o primeiro de que algum de nós se lembrará…
A Força (ou Robustez) Mental é “a colecção de valores, atitudes, comportamentos e emoções que te permite perseverar e superar qualquer obstáculo, adversidade ou pressão experienciadas, mas também manter a concentração e a motivação quando tudo corre bem para alcançar consistentemente os teus objectivos” (Gucciardi et al, 2008). A robustez mental é então um processo de longo prazo que pode ser influenciado pela motivação pessoal para o sucesso e pelo apoio social.
“Quanto mais situações eu controlar antecipadamente, mais preparado estou, melhor e mais rápida é a minha resposta” – Fernando Rocha
Quando perspectivamos a importância da robustez mental no desempenho de um árbitro de qualquer modalidade, facilmente entendemos o cariz decisivo deste aspecto da preparação. Um candidato a árbitro até pode estar na melhor condição física possível e saber recitar todas as regras da frente para trás em três línguas diferentes. Apesar de importantes, esses aspectos nunca serão suficientes para esse candidato a árbitro atingir um patamar elevado.
O que distingue então um árbitro de elite de outro razoável? Uma mistura de:
- Foco consistente: por exemplo, evitar quebras de concentração repentinas ou daixar-se distrair pelos jogadores ou treinadores;
- Tomar as decisões correctas, sobretudo sob pressão: por exemplo, assinalar as faltas correctas mesmo na presença de um público faccioso ou desconhecedor, apitar aquele penalti ou lances livres que podem mudar/decidir uma partida;
- Perseverança: por exemplo, após um erro grave que alterou o que seria o desfecho justo dum jogo;
- Humildade para Aprender/Mudar: por exemplo, usar técnicas de visualização para se preparar para todas as possibilidades no campo;
- Foco nos Resultados: por exemplo, analisar, ajustar e agir consoante cada situação para atingir os melhores resultados possíveis.
Há um grande número de formas de um árbitro reduzir ou erradicar os “nervos, intimidação, dúvidas ou medos” que influenciarão o seu processo de tomada de decisão. A famosa “Pressão” pode ser originada pelas expectativas, pelo escrutínio e pelas consequências. A definição de tarefas, a compostura e os diálogos internos (e externos) são estratégias que podem e devem ser apreendidas e refinadas para reduzir/eliminar os erros. A gama de recursos é extensa e vai desde as rotinas de treino, técnicas de redução do stress e visualização até às influências pré-jogo ou às reacções durante a partida.
“Por favor, parem de pensar tanto. Não analisem demais. Não fiquem a digerir uma decisão. Não congelem em campo”. – Pierluigi Collina
Resumindo, a Força Mental é um requisito necessário para os árbitros de todas as idades e patamar competitivo. Um domínio dos 3 C’s do Alto Rendimento (Concentração, Confiança e Compostura) aliado ao Compromisso e à capacidade de improvisar, adaptar e superar farão toda a diferença na forma como os árbitros abordarão os seus próximos jogos em qualquer nível em que se encontrem.
Sabe mais em www.mudaoteujogo.com
Leituras recomendadas: