Só amamos o que conhecemos. Só nos damos ao que amamos.

Nos últimos dias ouvi, ao presenciar jogos de Fases Finais de escalões de formação de basquetebol, dezenas de vezes o mesmo comentário: “tomara a Liga Profissional e a Selecção terem tanto público!”
Este fenómeno, cada vez mais notado, de termos (muito) mais público em jogos regionais de formação do que em jogos nacionais de alta competição pode ser explicado, não pelas emoções vividas por atletas, dirigentes e treinadores (essas são similares), não pelas emoções vividas por familiares e amigos (essas são similares) mas pelas emoções que o cidadão normal vive quando assiste a esses dois tipos de jogos.
Nos jogos da formação, os cidadãos estão com “os seus”. Vêem “os seus” amigos, os amigos “dos seus” filhos, partilham “os seus” sonhos, “as suas” conquistas, “as suas” desilusões. Torcem por aqueles que adoptam como “os seus” clubes, conseguem observar o presente e imaginar O FUTURO da modalidade “nos seus” Concelhos, apreciam uma realidade VISÍVEL “nos seus” contextos diários. No final convivem com “os seus” e dão “os seus” feedbacks “aos seus” amigos jovens atletas, ainda que mais ou menos distantes.
Nos jogos das Ligas e da selecção, regra geral, o que o cidadão vai ver é um espectáculo. 
Como em qualquer espectáculo, o cidadão vai apreciá-lo mais se souber quem são os artistas, se conhecer as regras e as dinâmicas do espectáculo, se conhecer a História e esse espectáculo lhe despertar uma genuína vontade de o acompanhar nO FUTURO, se o contexto do espectáculo for VISÍVEL com regularidade, idealmente todos os dias (pensemos no futebol e nas notícias sobre 3 clubes que todos os dias nos entram pela casa dentro).
Nos jogos das Ligas e da selecção, tudo está demasiado longe do cidadão. Quando estes universos distantes se aproximam é de forma espasmódica, para logo de seguida se voltarem a afastar.
O desporto de formação está à nossa volta. O basquetebol não é excepção.
O desporto de competição não está à nossa volta. Porque “só amamos o que conhecemos”, o basquetebol precisa de voltar a ser mostrado para ser amado. Para ser acompanhado, acarinhado e rentabilizado.
Caso continue a falhar nesta abertura ao mundo, o basquetebol será cada vez mais um desporto duma micro-tribo fechada sobre si própria, que tudo sabe mas nada muda.
As duas boas notícias são que:
a) o basquetebol é um desporto de Equipa;
b) qualquer dia é um bom dia para mudar.
O desafio é simples: Abrir e mostrar! 
Devolver o basquetebol aos cidadãos, indo ao seu encontro e entregando-lhes o poder. Só assim eles regressarão.

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